quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Doação de órgãos

Só conhece a angústia e o desespero da expectativa por um órgão quem precisa dele ou tem algum parente que está doente. Hoje você pode viver outra situação e achar que a doação de órgãos não é importante, mas e se amanhã tudo mudar e você se tornar um paciente na lista de espera?
 
Atualmente 31 mil pessoas aguardam pela boa notícia de ter uma nova chance na vida. Destas, 20 mil estão à espera de um rim. Uma realidade assustadora para quem, como eu, entrou em um centro de hemodiálise e viu pacientes que fazem o tratamento de quatro horas, três vezes por semana, há 10, 15 ou 20 anos.
 
Em outro encontro, uma mãe chorava ao se dizer impotente para salvar a filha de 16 anos que é a primeira na lista de espera por um fígado. Giulia não pode mais ir à escola, fala baixo e pouco mas consegue dizer que sonha em voltar a ser uma adolescente normal.
 
No Brasil a doação de órgãos deve ser autorizada pela família e não há a necessidade do doador deixar um documento por escrito antes de falecer. Há ainda as doações em vida como a de parte do fígado, a de rim e a de medula óssea.
 
Para se tornar um doador de órgão vital é preciso que o paciente tenha a morte encefálica declarada. Isso significa que o cérebro parou de funcionar, mas o coração não pode parar de bater. O que mais leva uma pessoa a ter morte encefália são acidentes vasculares cerebrais, chamdos de AVC e traumatismos cranianos comuns em acidentes de carro.
 
No caso de ossos, pele e córneas, o doador pode ter falecido de praticamente qualquer razão. A boa notícia é que em São Paulo não há fila de espera para um transplante de córnea.
 
Aliás, a diferença de estrura para a realização de transplantes entre Estados é marcante. Enquanto São Paulo possui o primeiro hospital público especializado em transplantes e o o Hospital do Rim e Hipertensão que mais faz o procedimento no país e no mundo, alguns Estados brasileiros simplesmente não possuem equipamentos básicos e equipes treinadas para a captar e transplantar órgãos. Nas regiões sudeste e sul , há uma concentração de profissionais especializados, enquanto as outras regiões do país ficam desprovidas de equipes, principalmente na região norte onde a média de doadores e de transplantes é bem abaixo do resto do país.
 
Quando falo em equipes é importante citar a logística necessária para levar um órgão saudável de um doador falecido até o paciente.
Ao constatar a morte encefália, o hospital notifica a central de captação mais próxima - que no caso de São Paulo, a gerência é no Hospital das Clínicas. Essa central tem acesso à lista de espera e informa o hospital responsável pelo paciente que deve fazer a captação do órgão. Para isso pode ser utilizado o transporte aéreo como o helicóptero Águia ou o terrestre. Assim que o órgão chega ao hospital, o paciente segue para o centro cirúrgico em faz o transplante. Ao ter a alta ainda é necessário um acompanhamento por causa dos remédios que a pessoa deverá tomar por toda a vida para não rejeitar o transplante.
 
Além da falta de estrutura há ainda outro problema, a falta de informação que leva muitas famílias a negarem a doação porque acreditam em mitos. Então preste atenção.
 
Morte encefálica não é igual a estado de coma. Com este diagnóstico a pessoa evoluiu a óbito e não pode voltar à vida.
O procedimento de retirada dos órgãos é feito como uma cirurgia qualquer, fechando e suturando o corpo do falecido sem deixar nenhuma desconfiguração.
O caixão poderá ser velado aberto e não dificulta em nada o sepultamento.
As informações sobre o doador e os receptores dos órgãos são sigilosas.
 
Doe órgãos e salve vidas.

Um comentário:

  1. Fico feliz, que aos poucos nossa sociedade esteja tomando conciencia da importancia deste tema. É de fundamental importancia que sejam feitas campanhas no sentindo de estimular cada vez mais a doação de nossos órgãos.
    Como foi dito...só quem passa ou tem contato com a necessidade, sente o drama de aguardar por uma doação.
    Parabéns por mais essa iniciativa.

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