terça-feira, 28 de junho de 2011

Quem mandou votar no Cristo?

A sétima maravilha do mundo não deveria ser o Cristo Redentor, mas a vista da pedra onde o presente dos franceses foi colocado. Dito isso, sugiro que quem tiver o interesse de ver o Rio de Janeiro do alto junte dinheiro para um vôo de helicóptero que valerá mais a pena.

E se a vontade for descomunal de chegar perto da imagem do Cristo, faça a visita durante a semana, de preferência às quartas-feiras. Aos finais de semana e aos feriados, quando uma horda de visitantes procura este marco brasileiro, o programa se torna uma violência física e mental.

Estive com minha família no Cristo este final de semana. Minha mãe, marido, enteada (razão para o passeio) e bebê de 2 meses. Chegamos ao sopé de taxi na tentativa de subir de trem. Na entrada fomos avisados que o próximo trem disponível seria o das 20 horas, e eram apenas 16h. Pagamos então 20 reais por pessoa para subir de van até um ponto onde deveríamos comprar o ingresso para ir ao Cristo e subir com outra van, desta vez, do Ibama. Cada ingresso custaria 24 reais.

Na primeira van ficamos presos em um congestionamento causado por carros estacionados dos dois lados da estreita estrada e veículos que tentavam descer pelo caminho por onde subíamos. Vi dezenas de pessoas a pé e já fiquei preocupada. Descemos da van e seguimos com o bebê no colo só para deparamos com uma fila com no mínimo 500 pessoas. Subimos e descemos o aglomerado na tentativa de obter informações já que estávamos com um bebê. Fomos avisados que só aceitam dois adultos como prioridade e que minha mãe e minha enteada não poderiam passar na frente da fila. Um absurdo...

Meio que sem querer conseguimos entrar todos sem ter que esperar 2 horas.

Subimos até a base do Cristo e vimos a gigantesca fila para quem queria descer de trem e uma outra que dava voltas e mais voltas para quem queria pegar a van de retorno. Um vislumbre amedrontador do nosso futuro próximo.

Nos acotovelamos para chegar à fila do elevador (porque a escada estava lotada de pessoas agitadas) e subimos. Ao chegar lá em cima, com o sol se pondo, disputamos espaço com centenas de visitantes. Alguns deitados no chão tirando fotos, outros se debruçando nas laterais para ver melhor a paisagem. O Cristo se ascendeu em luz branca, todos aplaudiram e eu me perguntei : podemos ir embora? Tiramos algumas fotos ali, aqui e acolá e resolvemos começar a descida.

Primeira fila: o elevador.
Salvação: meu bebê nos colocou na frente e descemos rápido.

Segunda fila: van do Ibama. A fila descia pelo caminho em curvas e as pessoas aguardavam sem iluminação em uma estreita calçada. Senhoras, famílias com crianças de diversas idades... terrível imaginar o sofrimento e o cansaço.
Salvação:meu bebê nos colocou na frente e descemos rápido.

Terceira fila: para voltar com a van tivemos que subir no escuro pela estrada até a entrada de um suposto hotel. Com o bebê sendo carregado em um "canguru" vislumbramos uma gigantesca fila que descia a estrada por onde passavam poucos veículos.
Salvação:meu bebê nos colocou na frente e descemos rápido.

Pelo caminho vimos pessoas a pé, na escuridão, percorrendo a estrada que não tem acostamento. Algumas iam para os carros deixados no caminho horas e horas antes. Sem segurança, sem direcionamento e pagando caro.

O Cristo não chegou ao Brasil na semana passada, nem passou a receber visitantes há um mês. Feriados e finais de semana são bastante frequentes. Portanto, porque a Secretaria de Turismo do Rio não toma providências? Porque o Ministério da Cultura não age? É uma vergonha vivenciar a mais completa falta de estrutura na visitação de um monumento, símbolo do Brasil. E para não dizerem que reclamar é fácil, aqui vão simples sugestões para melhorar a vida de quem quer conhecer o Cristo Redentor:

Limitar o número diário de visitantes.
Proibir a subida de veículos particulares. (liberados apenas os moradores com selo específico)
Maior policiamento e agentes para dar informações.
Aumentar a frota de vans dos dois percursos.
Aumentar número de banheiros.
Possibilitar a compra de ingresso pela internet.
Possibilitar o agendamento da visita nos guichês e pela internet.

Se o respeito pelos turistas e visitantes não basta para fazer os governos municipal, estadual e federal agirem, é bom lembrar que vamos sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada. E se nada for feito talvez tenhamos que criar duas novas modalidades esportivas, a da resistência e a da paciência.

2 comentários:

  1. Infelizmente essa é a realidade do nosso Brasil...nada a agregar aos seus comentários.

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  2. Imagine a Copa do Mundo e as Olimpíadas!...Será uma loucura. As "autoridades" do Rio devem organizar esta "bagunça" toda ou então não deixar ninguém ssubir ao Corcovado!......Será uma VERGONHA para o nosso Brasil.

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